Nova Mutum

day_122.png
29 de Abril de 2025
facebook001.png instagram001.png twitter001.png youtube001.png whatsapp001.png

29 de Abril de 2025

GERAL Domingo, 27 de Abril de 2025, 15:36 - A | A

27 de Abril de 2025, 15h:36 - A | A

GERAL / condição multifatorial

Afastamentos por saúde mental duplicam em uma década

Aline Costa/Gazeta Digital



Nos últimos 10 anos, o Brasil registrou aumento significativo no número de afastamentos temporários concedidos a trabalhadores por questões relacionadas à saúde mental. Em Mato Grosso, os dados não são diferentes e, em um ranking de afastamentos, os transtornos ansiosos ocupam a 10° posição, atrás apenas de lesões e dores na coluna. Maria Aparecida Campos, doutora em psicologia, apontou fatores que contribuem para o quadro.

De acordo com os registros de 2024, fornecidos pelo Ministério da Previdência Social, em Mato Grosso, foram concedidos 64.802 benefícios por incapacidade temporária durante todo o ano. Desses afastamentos, as causas que lideram o quadro são fraturas no corpo e dores na coluna, porém, além de problemas físicos, os transtornos ansiosos aparecem no ranking com 1.283 afastamentos.

 

Ainda sob a perspectiva estadual, quando analisados os dados exclusivamente de saúde mental, o número de afastamentos concedidos somaram 4.362. A maior parte desses, 2.486, foi por transtornos de ansiedade e episódios depressivos.

Nos dados enviados pela previdência, não foram informados quantitativos por regiões do estado, por isso, não é possível saber em quais municípios foram distribuídos maior número de afastamentos do trabalho.

Em perspectiva nacional, os dados dos últimos 10 anos mostram que os afastamentos relacionados à saúde mental mais que duplicaram. Em 2014, foram 221.721 atestados, já em 2024 o número subiu para 472.328.

Ministério da Previdência Social

Quadro com as 10 doenças que mais geraram afastamentos do trabalho em 2024

Quadro com as 10 doenças que mais geraram afastamentos do trabalho em 2024

A professora e doutora em psicologia Social e do Trabalho, Maria Aparecida Campos, explicou que em quadros de saúde mental é comum que ansiedade e depressão liderem rankings. Esses dois transtornos são influenciados por um conjunto de fatores, incluindo o trabalho. O ambiente de trabalho contribui com grande parte da saúde e do bem-estar mental dos seres humanos e mudanças nele podem ser impactantes e agravar quadros de piora emocional.

Um afastamento desse local deve ser sempre indicado por um profissional e é necessário quando o sofrimento psíquico impede o trabalhador de exercer suas atividades habituais. Isso pode ser percebido não só pela própria pessoa, como também pelos colegas.

“Quando o trabalhador não consegue se identificar com o que faz, não vê sentido, sente-se sobrecarregado e desvalorizado, descontente com o resultado, isolado, sem poder colocar em prática suas competências, vendo-se impedido de agir, abre-se a porta para o sofrimento e o adoecimento. As metas abusivas, prazos exíguos, individualização do trabalho são fatores bastante prejudiciais para a saúde mental", explicou a psicóloga.

A doutora em psicologia ressaltou, ainda, outros fatores além do trabalho que podem contribuir com o agravamento dos casos de transtornos e traz a necessidade desses afastamentos. A aceleração no ritmo de vida em um período curto após uma pandemia é um exemplo.

Reprodução

Maria Aparecida Campos, doutora em psicologia

Maria Aparecida Campos, doutora em Psicologia Social e do Trabalho pela Universidade de São Paulo (USP) e professora da UFMT

“A aceleração das mudanças climáticas, tecnológicas, políticas, econômicas e sociais e seus impactos na vida das pessoas que precisam de tempo para se adaptarem. Contudo, diante da aceleração dos ritmos de vida, esse tempo não existe. No trabalho ainda há que se lidar com a sobrecarga, modelos de gestão rígidos, competitividade, cultura do empreendedorismo de si mesmo, fragilização dos vínculos, individualização, medo de perder o emprego, informalidade e precarização do trabalho, de forma geral. Tudo isso agrava a saúde mental dos trabalhadores", explicou.

Por fim, Campos destacou que, para que o quadro seja revertido, é necessário haver uma mudança na cultura organizacional da sociedade visando a prática da cooperação e acolhimento no trabalho, além de mostrar a importância do respeito ao descanso e vida pessoal e familiar, para que o trabalho seja um ambiente humanizado e não de adoecimento.

“Para melhorar o quadro atual é importante implantar mecanismos que promovam boas relações no trabalho e inibam práticas abusivas, e, fundamentalmente, dar voz aos trabalhadores para que suas necessidades sejam atendidas e um ambiente de trabalho mais humanizado seja construído”, explicou ela.

Atualizada, a Norma Regulamentadora número (NR 1) obrigada todas as empresas a darem atenção à saúde mental do funcionário. A regra passa a valer em maio em todo o território nacional.

Comente esta notícia

cd0fb6c3112b42f4ac7db47ed2ff7af9_2.png
whatsapp-icon-4.png (65) 9 9280-9853